domingo, 5 de dezembro de 2010

Os Nomes da Criança

É lamentável que seja a triste realidade da situação das crianças no nosso país que Cristovam Buarque descreve abaixo:
"Os esquimós têm diversos nomes para indicar a neve. Para eles, cada tipo de neve é uma coisa diferente de outro tipo. Para os povos da floresta, cada mato tem um nome específico. Os habitantes dos desertos têm nomes diferentes para dizer areia, conforme as características específicas que ela apresenta. Para conviver com seu meio ambiente, cada povo desenvolve sua cultura com palavras distintas para diferenciar as sutilezas do seu mundo. Quanto mais palavras distinguindo as coisas que a rodeiam, mais rica é a cultura de uma população.
Os brasileiros urbanos desenvolveram sua cultura criando nomes especiais para diferenciar o que, para outros povos, seria apenas uma criança.
Para poder circular com segurança nas ruas de suas cidades, os brasileiros do começo do século XXI têm maneiras diferentes para dizer criança. Não se trata dos sinônimos de antigamente para indicar a mesma coisa, como menino, guri, pirralho. Agora, cada nome indica uma sutil diferença no tipo de criança. O português falado no Brasil é certamente o mais rico e o mais imoral dos idiomas do mundo atual no que se refere à definição de criança. É um rico vocabulário que mostra a degradação moral de uma sociedade que trata suas crianças como se não fossem apenas crianças.
Menino-na-rua significa aquele que fica na rua em lugar de estar na escola, em casa, brincando ou estudando, mas tem uma casa para onde ir – diferenciado sutilmente dos meninos-de-rua, aqueles que não apenas estão na rua, mas moram nela, sem uma casa para onde voltar. Ao vê-los, um habitante das nossas cidades os distingue das demais crianças que ali estão apenas passeando.
Flanelinha é aquele que, nos estacionamentos ou nas esquinas, dribla os carros dos ricos com um frasco de água em uma mão e um pedaço de pano na outra, na tarefa de convencer o motorista a dar-lhe uma esmola em troca da rápida limpeza no vidro do veículo. São diferentes dos esquineiros, que tentam vender algum produto ou apenas pedem esmolas aos passageiros dos carros parados nos engarrafamentos. Ou dos meninos-de-água-na-boca, milhares de pobres crianças que carregam uma pequena caixa com chocolates, tentando vendê-los mas sem o direito de sentir o gosto do que carregam para os outros.
Prostituta-infantil já seria um genérico maldito para uma cultura que sentisse vergonha da realidade que retrata. Como se não bastasse, ainda tem suas sutis diferenças. Pode ser bezerrinha, ninfeta-de-praia, menina-da-noite, menino ou menina-de-programa ou michê, conforme o local onde faz ponto ou o gosto sexual do freguês que atende. E tem a palavra menina-paraguai, para indicar crianças que se prostituem por apenas um real e noventa e nove centavos, o mesmo preço das bugigangas que a globalização trouxe de contrabando, quase sempre daquele país. Ou menina-boneca, de tão jovem que é quando começa a se prostituir, ou porque seu primeiro pagamento é para comprar a primeira boneca que nunca ganhou de presente.Delinqüente, infrator, avião, pivete, trombadinha, menor, pixote: sete palavras para o conjunto da relação de nossas crianças com o crime. Cada qual com sua maldita sutileza, conforme o artigo do código penal que lhe cabe, a maneira como aborda suas vítimas, o crime ao qual se dedica...Podem também, no lugar de crianças, ser boys, engraxates, meninos-do-lixo, recicladores-infantis, de acordo com o trabalho que cada uma delas faz. Ainda tem filhos-da-safra, para indicar crianças deixadas para trás por pais que emigram todos os anos em busca de trabalho nos lugares onde há empregos para bóias-fria, nome que indica também a riqueza cultural do sutil vocabulário da maldita realidade social brasileira. Ou os pagãos-civis, vivendo sem registro que lhes indique a cidadania de suas curtas passagens pelo mundo, em um país que lhes nega não apenas o nome de criança, mas também a existência legal.
Como resumo de todos estes tristes verbetes, há também criança-triste: não se refere à tristeza que nasce de um brinquedo quebrado, de uma palmada ou reprimenda recebida, ou mesmo da perda de um ente querido. No Brasil há um tipo de criança que não apenas fica ou está triste, mas nasce e vive triste – seu primeiro choro mais parece um lamento pelo futuro que ainda não prevê do que um respiro no novo ar em que vai viver, quando pela primeira vez o recebe em seus diminutos pulmões.
Criança-triste, substantivo e não adjetivo, como um estado permanente de vida: esta talvez seja a maior das vergonhas do vocabulário da realidade social brasileira. Assim como a maior vergonha da realidade política é a falta de tristeza no coração de nossas autoridades diante da tristeza das crianças brasileiras, com as sutis diversidades refletidas no vocabulário que indica os nomes da criança.
A sociedade brasileira, em sua maldita apartação, foi obrigada a criar palavras que distinguem cada criança conforme sua classe, sua função, sua casta, seu crime. A cultura brasileira, medida pela riqueza de seu vocabulário, enriqueceu perversamente ao aumentar as palavras que indicam criança. Um dia, esta cultura vai se enriquecer criando nomes para os presidentes, governadores, prefeitos, políticos em geral que não sofrem, não ficam tristes, não percebem a vergonhosa tragédia de nosso vocabulário.
Quem sabe não será preciso que um dia chegue ao governo uma das crianças-tristes de hoje, para que o Brasil torne arcaicas as palavras que hoje enriquecem o triste vocabulário brasileiro e construa um dicionário onde criança... seja apenas criança." (Cristovam Buarque)

domingo, 28 de novembro de 2010

Marina Silva: A Vida por uma causa

Marina Osmarina Marina Silva de Lima, mais conhecida somente como Marina Silva, nasceu em 8 de fevereiro de 1958 no Seringal Bagaço, no Acre. Seus pais nordestinos tiveram 11 filhos, onde 3 deles morreram. A mãe de Marina morreu quando ela tinha apenas 15 anos e Marina levantava as 4 horas da manhã para preparar o café para o pai e para os irmãos irem colher o látex das seringueiras, que logo mais, era ela quem ia ajudar a família, buscá-lo também.
Na adolescência ela queria ser freira, e foi por esse sonho que ela decidiu ir aprender a ler e a escrever, aos 16 anos, porém com essa mesma idade ela contraiu hepatite, uma das três que ela viria a ter devido aos medicamentos que ela tomava para Malária, que eram muito fortes. Foi para tratar a hepatite que ela foi para a capital do Acre, Rio Branco, e lá começou a estudar e se dedicar a vida religiosa. Desse período que ela começou a se alfabetizar passaram-se 10 anos até ela se formar em História pela Universidade Federal do Acre e posteriormente fez uma pós graduação em Psicopedagogia.
Nessa época do Mobral, Marina se inscreveu em um curso de “Liderança Rural” e lá conheceu Chico Mendes. Passou a ter contato com as idéias da Teologia da Libertação e a participar das Comunidades Eclesiais de Base, ali ela percebeu que o Acre precisava dela e resolveu largar seu sonho de ser freira e a lutar pelos seringueiros.
Em 1984 ajudou a fundar a CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre. Chico Mendes foi o primeiro coordenador da entidade e Marina a vice-coordenadora.
Filiada ao PT, Marina disputou seu primeiro cargo público, em 1986, ao concorrer uma vaga na Câmara dos Deputados. Ficou entre os cinco mais voltados, mas o partido não atingiu o quociente eleitoral mínimo exigido. Os sucessos eleitorais vieram dois anos mais tarde, ao se eleger vereadora, a mais votada em Rio Branco.
Em 1990 tornou-se deputada estadual, novamente com votação recorde. Em 1994, aos 36 anos, chegou a Brasília como a senadora mais jovem da história da República. Foi reeleita em 2002 com votação quase três vezes superior à anterior.
No Senado, foi a primeira voz a defender a importância de o governo assumir metas para redução das emissões de gases do efeito estufa. Em 2009, o Planalto anunciou, finalmente, a adoção dessas metas. Também cobrou do Executivo federal e do Congresso a inclusão da meta brasileira, com os percentuais para a redução das emissões de gases do efeito estufa até 2020, no Plano Nacional de Mudanças Climáticas, que seria aprovado e sancionado pelo presidente antes da realização da Conferência de Clima (COP15), em dezembro, em Copenhague.
No Ministério do Meio Ambiente, Marina Silva trabalhou por políticas estruturantes baseadas em quatro diretrizes básicas: 1) maior participação e controle social; 2) fortalecimento do sistema nacional de meio ambiente; 3) transversalidade nas ações de governo; 4) promoção do desenvolvimento sustentável.
No governo do presidente Lula, Marina buscou transformar a questão ambiental em uma política de governo, que quebrasse o tradicional isolamento da área. Foi assim que o governo passou a exigir, nos projetos hidrelétricos a serem leiloados, a obtenção da licença prévia para que a viabilidade ambiental dos empreendimentos fosse avaliada antes da concessão para a exploração privada. Também baseado nessa diretriz, o ministério, por intermédio do Ibama, passou a ser ouvido prioritariamente antes da licitação dos blocos de petróleo.
Em 13 de maio de 2008, pediu demissão do ministério. Em carta ao presidente Lula, afirmou que deixava o cargo por conta das dificuldades que enfrentava dentro do governo. “Esta difícil decisão, Sr. Presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal”, afirmava Marina, que voltou para o Senado.
Em 19 de agosto do ano passado deixou o PT. Em comunicado ao partido, manifestou seu desacordo com uma “concepção do desenvolvimento centrada no crescimento material a qualquer custo, com ganhos exacerbados para poucos e resultados perversos para a maioria, ao custo, principalmente para os mais pobres, da destruição de recursos naturais e da qualidade de vida”. Onze dias depois, anunciou sua filiação ao PV.
Em 16 de maio deste ano, Marina lançou sua pré-candidatura à Presidência e anunciou o empresário Guilherme Leal como seu vice. Em seu discurso durante encontro do PV em Nova Iguaçu (RJ), a senadora disse esperar que o país saia da próxima eleição com um novo “acordo social”, que integre avanços dos governos passados e aponte para uma economia de baixo carbono. Lembrou conquistas dos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas a estabilização econômica e a redução da pobreza.
E na festa de sua candidatura a presidência ela declamou essa poesia, escrita por ela:

“Do arco que empurra a flecha,
Quero a força que a dispara.
Da flecha que penetra o alvo
Quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
Quero o que o faz desejado.
Do desejo que busca o alvo
Quero o amor por razão.

Só assim não terei armas,
Só assim não farei guerras,
E assim fará sentido
Meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha,
Sou o todo em metades,
Sou as partes que se mesclam
Nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro,
Sou a flecha por segundo,
Sou a flecha por primeiro,
Sou o arco por segundo.

Buscai o melhor de mim
E terás o melhor de mim.
Darei o melhor de mim
Onde precisar o mundo.”
(Marina Silva)

Fontes de Pesquisa:
Livro: Marina Silva - A Vida por Uma Causa
www.minhamarina.org.br

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas

“Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas."
"Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado." Rubem Alves

sábado, 17 de julho de 2010

Saberes diferentes

"Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
Companheiro, você entende de leis?
Não, respondeu o barqueiro. E o advogado compadecido: É pena, você perdeu metade da vida.
A professora muito social, entra na conversa: Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?
Também não, respondeu o barqueiro.
Que pena! Condói-se a mestra.Você perdeu metade de sua vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco. O barqueiro preocupado, pergunta: Vocês sabem nadar? NÃO! Responderam eles rapidamente. Então é uma pena conclui o barqueiro. Vocês perderam toda a vida.
Não há saber maior ou saber menor. Há saberes diferentes. "PAULO FREIRE

sábado, 29 de maio de 2010

V SEMANA INTEGRADA DE MEIO AMBIENTE (FSA)

Semana do Meio Ambiente na Fundação Santo André
Data:
De 31/5/2010 a 12/6/2010
Dias e horários:segunda a sexta-feira das 8h às 22h.
Aos sábados:8h às 17h
Local: Fundação Santo André
Endereço: Av. Principe de Gales, 821 - Principe de Gales - Santo André - SP - Brasil
Realizador: FSA

PROGRAMAÇÃO:
http://www.fsa.br/santoandre/editor/userfiles/File/Imprensa/V%20SEMAM-2010-programao%20geral.pdf

terça-feira, 4 de maio de 2010

Belo Monte

A Usina Hidrelétrica de Belo Monte está causando grandes polêmicas e, não é para menos. Além de ser a 2ª maior usina do Brasil, será construída no Xingu onde existem índios, comunidades ribeirinhas que vivem principalmente da pesca.
A construção de qualquer empreendimento causa algum tipo de impacto, seja em menor ou maior intensidade. Usinas hidrelétricas causam mudanças na dinâmica natural do rio, alagamento de áreas próximas onde normalmente moram pessoas que são removidas desses locais e,além disso, essas áreas tem na maioria das vezes potencial produtivo, ou seja, há o alagamento de terras de plantio,áreas que são habitat de animais, plantas e pessoas.
No caso Belo Monte temos, de um lado estão os índios , a comunidade ribeirinha e ONGs que são claros ao manifestarem a opinião de que são contra a construção desta usina, já de outro,estão o governo federal (a usina faz parte do projeto de aceleração do crescimento PAC), as empreiteiras que defendem a construção alegando que será um beneficio enorme para o país com energia mais barata.
Todos devem procurar informações das diferentes opiniões sobre o caso para facilitar um posicionamento, seja a favor ou contrário a construção mas, acreditamos que em pleno século XXI, com questões ambientais em alta, o Brasil deveria investir fortemente em pesquisas e energias alternativas que, mesmo com um custo incial um pouco mais elevado,tenham impactos negativo bem reduzidos.

No livro Ecologia e lutas sociais no Brasil de Waldman, M (1992) comenta-se sobre o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu em Altamira 1989 onde eles dizem :
"não destruir as florestas, os rios, que são nossos irmãos, pois esses territórios são sítios sagrados do nosso povo, morada do Criador,que não podem ser violados"
Abaixo segue o vídeo sobre os índios do Xingu manifestando o que pensam a respeito:



quarta-feira, 28 de abril de 2010

DIA DA EDUCAÇÃO

Hoje é dia 28 de abril de 2010 e, é o dia da educação. Confesso que soubemos da data há pouco tempo e, descobrimos também que muita gente ainda não sabe, mas afinal, que importância isso tem? Existe dia para tudo nesse nosso calendário, temos o dia do índio, da árvore, da mulher, o dia das mães, dos pais, das crianças, o dia dos namorados, do amigo, do solo, da terra, da água, dia da avó, do médico, do engenheiro, do arquiteto, do palhaço, do professor, do funcionário público, do trabalhador, tem dia até do beijo, tem tantas datas que nem lembro mais. É uma loucura geral, afinal de contas, para tudo que é essencial, que amamos, que importa de fato, TODOS os dias são ótimos para lembrar, para agradecer, para fazer a diferença, para melhorar, para buscar respostas, para beijar, para cuidar, para preservar, para questionar, para criticar.
A educação não é lembrada hoje nem em outros dias do ano e, para comemorar faltam motivos. Segundo Carvalho (2002), a verdadeira essência da educação dentro da sociedade é formar cidadãos atuantes e, sabe-se que atualmente a educação nas escolas, com raras exceções, não tem sido adequada ou suficiente para preparar cidadão críticos e atuantes. Por isso, acreditamos na necessidade e importância dessas vertentes da educação, como a Educação Ambiental, que complementará e modificará, quando bem feita, o que não tem sido colocado em prática pelo ensino formal.
A educação ambiental é muito mais do que a prática da coleta seletiva, ou ainda proteger uma espécie ameaçada de extinção. A Educação Ambiental é tentar proporcionar uma nova visão de mundo, novos valores, tais como amor, respeito, educação, solidariedade. É de fato complexa.
Sempre ficávamos pessimista e desmotivada com pensamentos utópicos, até quando ouvi em algum lugar que é quando temos esses pensamentos e buscamos atingi-los, que alcançamos grandes mudanças e resultados até então inesperados, pois, juntamos forças para atingir o dito “inatingível” e no meio desse caminho conquistas importantíssimas são feitas que jamais seriam se não fossem por eles (os pensamentos utópicos). Assim, quem sabe um dia, como os índios, todos nós possamos ter intrínseco certos conhecimentos e valores (dispensando as várias vertentes educacionais), com AMOR e RESPEITO a tudo e a todos.

CARVALHO, Vilson Sérgio de, (2002). Educação Ambiental e desenvolvimento comunitário. Rio de Janeiro: Wak

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Todo dia era dia de índio"

Dia do Índio
Durante a realização do I Congresso Indigenista Interamericano no México, em 1940, os representantes de diversos países americanos decidiram convidar os índios para o evento. De início, os índios não queriam participar do evento, já que eles tinham medo, pois sofreram muito com os brancos, mas depois, convencidos com a importância do evento, e percebendo que isso poderia beneficiá-los, eles decidiram participar do Congresso. Então, essa data foi dedicada à comemoração do Dia do Índio. A partir daí, o dia 19 de abril passou a ser consagrado ao índio em todo o continente americano.

Os nativos somavam mais de mil povos e alguns milhões de pessoas quando os portugueses chegaram em 1500. Estima-se que hoje, a população de origem nativa e com identidades específicas definidas, some cerca de 480 mil indivíduos vivendo em terras indígenas ou em núcleos urbanos próximos, isto é, 0,2% da população brasileira.

Desde de 1970 a população indígena está crescendo, mas infelizmente alguns povos estão ameaçados de extinção. São faladas 180 línguas diferentes, de dois grandes troncos, o Tupi e o Macro-Jê. Mas apenas metade das línguas faladas recebeu algum registro científico. Isso se dá a dificuldade de se encontrar informações sobre os povos indígenas e também pelo curto espaço que eles têm de se expressar no cenário cultural e político do País. Sabemos também que o nosso português está repleto de palavras e expressões de origem indígena, quase todas de línguas do tronco tupi.

Os povos indígenas têm na Constituição Brasileira de 1988 um capítulo especial que trata dos seus direitos coletivos, e o mais importante deles é o direito a terra. Eles têm o direito de usufruir das terras que ocupam e cabe ao Estado demarcá-las.

Os índios têm conhecimentos tradicionais sobre a biodiversidade importantes para o futuro da humanidade e, embora não sejam naturalmente ecologistas, os recursos naturais nas suas terras estão sempre mais preservados do que nos seus entornos.

Nas diferentes tribos, todos os povos indígenas têm a sua forma diferente de educação, porém todos aprendem de forma participativa, vivenciada, sensibilizada, ou seja, as crianças aprendem com os pais, ou outros indivíduos, mas tudo de forma prática, acumulando conhecimentos por meio da absorção, de acordo com a região, com os trabalhos específicos da tribo, pois eles dizem que quando você ensina algo a alguém, você está privando a pessoa da experiência de aprender isso.

Educação vem do latim, que significa “extrair” ou “fazer brotar”, mas infelizmente o nosso sistema educacional é falho, as crianças não aprendem nas escolas (diferentes das escolas indígenas), como ser cidadãos, como ser parte do meio ambiente em que vivem, do seu bairro, da sua região. As crianças estão preocupadas (porque foi colocado isso à elas) que elas sejam capazes de vencer provas, enquanto elas deveriam estar sendo ensinadas à se tornarem “pessoas de verdade”.

Mas devemos acreditar na educação, como diz Fritjov Capra: “Ainda assim, o sistema público de ensino é a nossa ultima esperança para poder ensinar os verdadeiros valores democráticos, capazes de resistir as vozes insidiosas daqueles que querem nos fazer acreditar que tudo que a vida tem a nos oferecer é a satisfação e consumo pessoal”.
E, para estimular a reflexão à respeito dessa data, da cultura indígena, fica a letra da música:
Curumim chama cunhatã que eu vou contar (Todo dia era dia de índio)

"Curumim chama cunhata que eu vou contar
Cunhata chama curumim que eu vou contar
Curumimmm, Cunhataaaa
Cunhataaaaa, Curumimmm
Antes que o homens aqui pisassem nas ricas e ferteis terras brasilis
Que eram povoadas e amadas por milhoes de Indios
Reais donos felizes da terra do pau Brazil
Pois todo dia e toda hora era dia de indio
Mas agora eles tem só um dia
Um dia dezenove de abril
Amantes da pureza e da natureza
Eles sao de verdade incapazes
De maltratarem as femeas
Ou de poluir o rio, o céu e o mar
Protegendo o equilibrio ecologico
Da terra, fauna e flora pois na sua historia
O indio é exemplo mais puro
Mais perfeito mais belo
Junto da harmonia da fraternidade
E da alegria, da alegria de viver
Da alegria de amar
Mas no entanto agora
O seu canto de guerra
É um choro de uma raça inocente
Que já foi muito contente
Pois antigamente
Todo dia era dia de indio" ( j.b)

Terminarei esse texto, com uma saudação tupi “Anaue” que significa “Você é meu irmão”.

Fontes de pesquisa:
Almanaque Brasil Socioambiental 2008
Alfabetização Ecológica de Fritjov Capra
www.ambientebrasil.com.br

sexta-feira, 9 de abril de 2010

CINE-CLUBE SOCIOAMBIENTAL

O Cine-Clube Crisantempo exibe do dia 08/04 a 24/06, filmes e documentários com a temática socioambiental :

A Era da Estupidez 10/06 - 20h00

Direção: Franny Armstrong

Produção: Lizzie Gillett

Duração:92 min.

Pachamama 29/04 - 20h00

Direção: Erik Rocha


Duração: 105min.

Confiram a programação completa no link:

http://www.cineclubesocioambiental.org.br/programacao/


Endereço : Rua Fidalga, 521 - Vila Madalena -
Entrada Franca.

segunda-feira, 29 de março de 2010

ABAIXO ASSINADO PELA CRIAÇÃO DE ÁREA PROTEGIDA EM BERTIOGA

A WWF- Brasil lançou um abaixo-assinado para a criação de uma área protegida com 8.025 hectares em Bertioga (SP). A unidade de conservação que se pretende criar fica no trecho mais preservado da Mata Atlântica do litoral paulista. Essa área, que faz conexão com o Parque Estadual da Serra do Mar, abriga uma rica diversidade de ambientes – dunas, praias, rios, mangues e uma variada vegetação de restinga – nos quais vivem animais raros e ameaçados de extinção.

As restingas se estendem por quase toda a costa brasileira. Ocupa grandes extensões do litoral, sobre dunas e planícies costeiras. Inicia-se junto à praia, com vegetação rasteira e torna-se gradativamente mais variada e desenvolvida à medida que avança para o interior, podendo também apresentar brejos com densa vegetação aquática.

Infelizmente, existem apenas duas áreas protegidas que abrigam porções desse habitat no estado de São Paulo.

O objetivo da ação na internet é obter o maior número de assinaturas em apoio à conservação da restinga. O documento vai ser entregue ao governador do Estado de São Paulo, José Serra, e ao secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano.

Curiosidade: Antes de ser colonizada pelos portugueses, Bertioga era habitada por indígenas do tronco Tupi. Seu nome em tupi, Buriquioca, significa “morada dos macacos grandes”. Buriqui significa macaco grande e oca significa casa.

Assinem e divulguem essa ação:
Fontes de pesquisa:
Almanaque Brasil Socioambiental 2008

quarta-feira, 17 de março de 2010

ALGUNS PROJETOS REALIZADOS:

Esse trabalho abaixo foi realizado no CEOS (Centro Espírita Obreiros do Senhor) situado no Rudge Ramos em São Bernardo do Campo, com crianças de 1 à 13 anos, realizado no Dia das Crianças de 2007 na qual a Camila Rodriguez também participou, atualmente ela está estudando na Austrália.



As fotos abaixo detalham uma gincana de aprendizado da coleta seletiva:



A foto abaixo foi com as crianças menores, onde elas aprenderam a fazer tintas com pigmentos naturais (terra e folhas)



FEIRA DO MEIO AMBIENTE

Esse foi um trabalho de educação ambiental realizado durante todo o ano de 2009, com crianças entre 7 e 13 anos na A.A.C.H.T. (Associação Assistencial Carlos Henrique Thomaz) onde os alunos fizeram trabalhos nesse período e apresentaram para a comunidade em uma Feira do Meio Ambiente realizada em novembro/2008.



Artesanatos confeccionados pelas crianças:



Coleta Seletiva e Compostagem:

Caixas de sensibilização:





segunda-feira, 15 de março de 2010

12 PRINCÍPIOS DO CONSUMO CONSCIENTE

1– Planeje suas compras.
Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compra menos e melhor.

2- Avalie os impactos do seu consumo.
Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.

3- Consuma apenas o necessário.
Reflita sobre suas reais necessidade e procure viver com menos.

4- Reutilize produtos e embalagens.
Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.

5- Separe seu lixo.
Recicle e contribua para a economia dos recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos.

6- Use crédito conscientemente.
Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.

7- Conheça e valorize as práticas de responsabilidade social das empresas.
Em suas escolhas de consumo, não olha apenas o preço e qualidade. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

8- Não compre produtos piratas ou contrabandeados.
Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.

9- Contribua para a melhoria de produtos e serviços.
Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos/serviços.

10- Divulgue o consumo consciente.
Seja um militante da causa: sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para sensibilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.

11- Cobre dos políticos.
Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática do consumo consciente.

12- Reflita sobre seus valores.
Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo.

“Consuma sem consumir o mundo que você vive”

Esses são os 12 Princípios do Consumo Consciente segundo o Instituto Akatu - http://www.akatu.net/

quinta-feira, 11 de março de 2010

CONSUMO CONSCIENTE

Olá!
Hoje viemos falar um pouco sobre Consumo Consciente que, é nada mais nada menos, do que termos responsabilidade ao comprar ou consumir algo, assim, para sermos um consumidor responsável, devemos escolher os produtos considerando os seus efeitos sobre a nossa saúde e ao meio ambiente.
Muitas pessoas acham que esse negócio de consumo consciente é privação de comprar e não é!
Atualmente mais do que uma crise ambiental, temos uma crise cultural, onde as pessoas em geral compram e consomem desenfreadamente para suprir uma necessidade emocional; vivem em um imaginário social, enfim, nós temos uma crise de valores!
Vivemos em uma sociedade onde o POSSUIR é tudo! E, quem está se prejudicando muito nessa trágica história são as crianças. Em 2004 a Revista Exame publicou que o Mercado Infantil movimentou 130 bilhões de reais! Imaginem o quanto isso já não aumentou!
E por “coincidência” as crianças brasileiras são as que mais assistem TV no mundo! (IBGE).
Ou seja, elas estão preferindo assistir TV, a brincar, aprender, se socializar...
Vocês sabiam que no Brasil as prefeituras coletam diariamente 228.413 toneladas de lixo?
Isso é alarmante, mas, sabemos que também temos nossa parcela de culpa por isso. Ao comprarmos o que não precisamos o que fazemos depois com esse produto?Ele vai pra onde? Para o lixo!
Todo produto antes de chegar até as lojas, passam por um processo de extração, fabricação e transporte e, é exatamente aí que entramos como consumidores conscientes!
Devemos escolher produtos que tenham o menor impacto social e ambiental possível. Por exemplo, escolha produtos de madeira que tenham o selo FSC, (ele atesta que a madeira, ou outra matéria prima florestal utilizada num produto é oriunda de uma floresta manejada de forma ecologicamente adequada, manejo sustentável).
Pergunte sempre a origem dos produtos pecuários (carnes em geral) que você compra. Diga ao vendedor que você está preocupado com a proteção da Amazônia e não quer estar envolvido com o desmatamento da floresta. Escolha produtos que as embalagens sejam biodegradáveis, e o mais importante, compre somente o necessário!
Assistam esse documentário “Criança a alma do negócio” que fala exatamente sobre como as crianças são influenciadas pela mídia e se tornaram a alma do negócio para a publicidade.

http://www.alana.org.br/CriancaConsumo/Biblioteca.aspx?v=8&pid=40

Fontes de pesquisa:
Almanaque Brasil Socioambiental
www.alana.org,br

sexta-feira, 5 de março de 2010

A Hora do Planeta



No sábado, 27 de março, entre 20h30 e 21h30 (hora de Brasília), o Brasil participa oficialmente da Hora do Planeta. Das moradias mais simples aos maiores monumentos, as luzes serão apagadas por uma hora, para mostrar aos líderes mundiais nossa preocupação com o aquecimento global.

A Hora do Planeta começou em 2007, apenas em Sidney, na Austrália. Em 2008, 371 cidades participaram. No ano passado, quando o Brasil participou pela primeira vez, o movimento superou todas as expectativas. Centenas de milhões de pessoas em mais de 4 mil cidades de 88 países apagaram as luzes. Monumentos e locais simbólicos, como a Torre Eiffel, o Coliseu e a Times Square, além do Cristo Redentor, o Congresso Nacional e outros ficaram uma hora no escuro. Além disso, artistas, atletas e apresentadores famosos ajudaram voluntariamente na campanha de mobilização.

Em 2010, com a sua participação, vamos fazer uma Hora do Planeta ainda mais fantástica!

Para participar basta se cadastrar no site: http://www.horadoplaneta.org.br/participe.php

É rapidinho! É com o seu cadastro que a WWF irá contabilizar quantas pessoas apagaram as luzes!

Divulgue essa idéia!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Circuito Tela Verde

Está aberto o prazo para envio de filmes/curtas/curtíssimos para compor a II Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente - Circuito Tela Verde, que devem ser enviados ao Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/SAIC/MMA), até 30 de março.

Os filmes devem ser produzidos em processo educomunicativo, ou seja, em conjunto com a comunidade, e abordar a temática socioambiental. Estruturas educadoras como Salas Verdes, Pontos de Cultura, Coletivos Educadores, bem como redes como Rejuma, Com-Vidas, e escolas também podem participar orientando e encaminhando suas produções. Para tanto, serão aceitos vídeos produzidos com os mais diversos recursos: filmadora, câmera de celular com boa resolução, câmera digital.

Informações entrem : http://circuitotelaverde.blogspot.com/2010/01/participe-da-ii-mostra-nacional-de.html



sábado, 27 de fevereiro de 2010

REFLETIR!!!


Autor: QUINO, Joaquin Salvador Lavado

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O que é cidadania para o povo indígena?


Antonio Carlos Karaí Mirim descreveu no Caderno do III Fórum de Educação Ambiental o que cidadania significa para o povo indígena :
“O que é cidadania para o povo indígena?
Não é votar, consumir, estudar. Mas é um estado de consciência e responsabilidade a cada escolha, a cada decisão.
Para o nosso povo não há Constituição ou Mandamentos, mas passamos de geração em geração um pensamento forte e responsável sobre o planeta, a idéia de que é preciso andar com cuidado na Terra. E esse pensamento não está escrito, está na consciência e no coração de cada um.
Nós não distinguimos crianças de adultos, não há uma idade a partir da qual um ser humano passa a contar, a ser cidadão, a ter responsabilidade. Qualquer um, de qualquer idade, sabe quem é, o que deve fazer, que papel lhe cabe.
É preciso viver nossa dimensão de guerreiro, assumir a autoridade que temos e a disposição para lutar pelos nossos direitos, cientes de que não vamos nos submeter a ninguém ou a nenhum poder que nos violente.”

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Toda Educação é Ambiental

Com esse blog, trataremos de assuntos ambientais, com um foco especial em Educação Ambiental.

Antes, gostaríamos de destacar que, como Engenheiras Ambientais, sabemos da importância da tecnologia como meio de reverter impactos ambientais negativos e como auxílios na preservação ambiental, porém, acreditamos que medidas puramente tecnológicas não são a solução, já que nós, seres humanos, fazemos parte do meio ambiente, então temos que levar em conta a relação homem-natureza.

Com isso, entendemos que não há um padrão a ser seguido quanto a educação ambiental, pois é preciso conhecer a cultura local, estilo de vida, enfim, vários fatores influenciam para que a abordagem faça sentido com a realidade das pessoas.

Fritjov Capra disse em seu livro Alfabetização Ecológica “Toda educação é ambiental (...) com a qual por inclusão ou exclusão ensinamos aos jovens que somos parte integral ou separada do mundo natural”

Esse espaço será aberto para comentários, novas idéias sobre o tema citado e, com freqüência destacaremos de forma direta ou indireta, a necessidade da implementação da Educação Ambiental nas escolas, comunidades, mídias, órgãos públicos e privados como forma de colaborar com o desenvolvimento de posturas pró-ativas que favoreçam o estabelecimento de uma melhor qualidade de vida, buscando o equilíbrio e harmonia com o meio ambiente.

Por fim, gostaríamos de deixar esse provérbio:

“Quem planeja a curto prazo, deve cultivar cereais,
A médio prazo, plantar árvores,
A longo prazo, deve educar pessoas.”
(Kwantzu, China, A.C.)